Em tempos de conflito armado entre forças políticas que evoluíram de movimentos de libertação para partidos rivais, Angola testemunhou a luta fraterna enquanto outras nações africanas recém-independentes buscavam libertar-se de mentalidades escravizadas e construir futuros prósperos.
A Constituição Angolana, em seu Artigo 110º, estabelece critérios para elegibilidade à presidência: cidadania originária, idade mínima de 35 anos ou residência de pelo menos 10 anos, pleno gozo de direitos civis e políticos, e capacidade física e mental. No entanto, a busca pela presidência transcende a ambição pessoal, representando um chamado para profissionais diversos que respondem ao sofrimento do povo.
Líderes africanos históricos, incluindo angolanos, foram impelidos à luta armada e à arena eleitoral. No entanto, eleições não devem ser meros espetáculos efêmeros, repletos de slogans vazios e promessas irrealistas.
O cenário político interno, marcado por eleições em movimentos transformados em partidos, revela ideologias persistentes e propostas inovadoras. A improvisação não tem espaço; a jornada de um candidato é construída. O desafio crucial para partidos, sociedade civil e academia é moldar cidadãos em líderes com visão, ética e responsabilidade.
A história africana recente apresenta líderes inspiradores como Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Kwame Nkrumah, Thomas Sankara e Nelson Mandela, que personificaram liderança política diferenciada. Nacionalistas como Holden Roberto e Jonas Savimbi também deixaram sua marca, inspirando gerações mesmo sem alcançar o poder máximo.
Enquanto alguns líderes africanos sucumbiram à ambição, outros se tornaram símbolos de integridade e visão. A lição crucial é que sem preparação estratégica, narrativa coerente e valores sólidos, nenhuma liderança perdura.
As sociedades africanas contemporâneas anseiam por candidatos com visão de estadistas, que pensam além do curto prazo, comunicam eficazmente, mobilizam pessoas, promovem a competitividade democrática, gerem recursos de forma transparente e respeitam a cidadania. A política impacta a todos, independentemente da participação direta.
A formação integral de candidatos capazes de liderar em diversas esferas – comunitária, municipal, provincial, em ONGs, empresas, instituições públicas e como Chefes de Estado – é essencial para romper ciclos de instabilidade e desilusão.
A experiência acumulada em décadas, incluindo a análise das eleições angolanas e a cobertura ística em momentos políticos cruciais, revelam a importância da comunicação, a fragilidade de campanhas mal estruturadas, o poder da narrativa e a crescente exigência dos cidadãos.
É imperativo repensar a formação de líderes africanos, investindo em patriotismo, construção de imagem pública, diplomacia, domínio de línguas e estratégias, conhecimento do trabalho em equipe e captação de recursos. É crucial ensinar a deixar um legado de transformação social, priorizando o serviço e a construção de nações fortes.
O futuro de África reside em líderes conscientes, capazes de enfrentar a complexidade da democracia com coragem e competência, líderes que elevam a qualidade dos candidatos que se apresentam ao povo.
Fonte: www.club-k.net