Avanços no combate à tuberculose estão a enfrentar um risco significativo de retrocesso, segundo um alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em seu mais recente relatório global, a entidade afirma que a redução do financiamento internacional, aliada às desigualdades de acesso a diagnóstico e tratamento, ameaça comprometer os progressos construídos ao longo da última década.
De acordo com os dados disponibilizados pela OMS, cerca de 10,7 milhões de pessoas adoeceram devido à tuberculose no último ano, enquanto mais de 1,2 milhão morreram em consequência da doença. A entidade destaca que, embora os números globais tenham melhorado em relação à década passada, a velocidade da recuperação ainda está abaixo das metas estabelecidas após a pandemia.
Um dos pontos críticos mencionados no relatório é a desigualdade na distribuição de tratamentos e diagnósticos rápidos. Países com sistemas de saúde frágeis continuam a enfrentar grandes dificuldades para oferecer terapias completas, o que leva a casos de abandono, resistência medicamentosa e maior circulação da bactéria. Para a OMS, a falta de investimento contínuo cria um ciclo perigoso: a doença permanece ativa e cara de combater, enquanto os recursos disponíveis diminuem.
O documento também sublinha que campanhas comunitárias e profissionais de saúde locais desempenham papel essencial no controle da tuberculose, especialmente em regiões onde a doença ainda é endêmica. No entanto, essas iniciativas vivem sob constante ameaça devido ao corte de verbas internacionais e nacionais — um cenário que compromete exames, distribuição de medicamentos e acompanhamento de pacientes.
A OMS reforça que a tuberculose continua sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo, apesar de ser tratável e evitável. Para evitar retrocessos, a organização pede uma mobilização urgente de governos e parceiros globais, destacando que investimentos consistentes são a única forma de impedir o retorno de índices alarmantes.
