A escolha da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, para o Prêmio Nobel da Paz provocou uma forte reação de líderes, especialistas e movimentos sociais ao redor do mundo. A nomeação da figura, conhecida por seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu e por defender ações contra a Venezuela, gerou controvérsia e questionamentos sobre os critérios da premiação.
O jornalista espanhol Ignacio Ramonet classificou a situação como “a necrose de um Prêmio Nobel”, criticando a concessão do prêmio a alguém que, segundo ele, constantemente defende invasões militares e golpes de Estado. Ramonet afirmou que a escolha representa uma inversão de valores, equiparando a paz à guerra e a verdade à mentira.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, também se manifestou, afirmando que a “politização, o preconceito e o descrédito” do Comitê Norueguês do Nobel da Paz atingiram um nível alarmante. Ele considerou “vergonhosa” a premiação de alguém que, em sua opinião, incita a intervenção militar em seu próprio país, descrevendo-a como uma manobra política para enfraquecer a liderança bolivariana.
O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya Rosales também se juntou às críticas, declarando que o prêmio a Machado é uma “afronta à história” e aos povos que lutam por sua soberania. Ele argumentou que premiar uma figura aliada a elites financeiras e interesses estrangeiros transforma o símbolo da paz em um instrumento de colonialismo moderno.
Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Nobel da Paz em 1980, expressou preocupação com a decisão do Comitê Nobel, afirmando que Machado faz parte da política dos EUA contra o governo venezuelano e que não recebeu o prêmio por ter trabalhado pela paz.
Michelle Ellner, da plataforma americana Codepink, classificou a nomeação como um “absurdo”, argumentando que as políticas de Machado causaram grande sofrimento ao povo venezuelano, com consequências como sanções, ataques terroristas e privatizações. Ela estabeleceu um paralelo entre a situação na Venezuela e em Gaza, afirmando que a ideologia por trás de ambas as situações é a crença de que algumas vidas são descartáveis e que a violência pode ser vendida como ordem.
O Comitê Norueguês justificou a escolha de Maria Corina Machado pelo seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
