Um mês após o estabelecimento do cessar-fogo na Faixa de Gaza, a situação humanitária permanece crítica e marcada por acusações mútuas de violação do acordo. O Hamas reportou a morte de 271 palestinos no período, incluindo 107 crianças, 39 mulheres e 9 idosos, elevando para 58% o número de vítimas civis consideradas “desarmadas”. Além das mortes, 622 pessoas ficaram feridas em decorrência de bombardeios e disparos, com 221 crianças entre os feridos.
O grupo islâmico também denunciou que apenas 40% da ajuda humanitária prometida foi efetivamente entregue em Gaza. O acordo previa a entrada diária de 600 caminhões, incluindo 50 tanques de combustível, mas as entregas não ultrapassaram 200 veículos por dia, com parte da remessa comercial sendo falsamente registrada como ajuda humanitária. O Hamas acusa Israel de deter 35 moradores de Gaza, incluindo pescadores, e de demolir casas dentro da linha amarela, causando destruição generalizada de propriedades civis.
Simultaneamente, Israel acusa o Hamas de violar o cessar-fogo, alegando que indivíduos cruzam a linha amarela e representam uma ameaça imediata às tropas israelenses. A Força de Defesa de Israel (FDI) relatou incidentes onde “terroristas” se aproximaram das tropas, colocando-as em risco. O Hamas nega qualquer violação do acordo.
A ajuda humanitária fornecida pela da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) continua enfrentando bloqueios por Israel, apesar do parecer da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que obriga Israel a permitir a entrada de suprimentos da UNRWA em Gaza. O Hamas informou que mais de 6.000 remessas de suprimentos essenciais da UNRWA estão retidas. Israel alega que a da ONU apoia o Hamas, acusação contestada pela CIJ.
Dados da ONU indicam a entrega de 3,2 mil caminhões com ajuda humanitária durante o mês, nenhum deles da UNRWA. Apesar das restrições, a distribuição de refeições quentes, pão e cestas básicas aumentou gradualmente. No entanto, o acesso seguro ao mar para pescadores e a entrada de insumos agrícolas permanecem restritos. Vários pedidos de agências humanitárias para levar suprimentos de abrigo para Gaza foram rejeitados pelas autoridades israelenses, e nenhuma ajuda entrou diretamente no norte de Gaza nos últimos 57 dias.
O governo israelense exige a devolução dos restos mortais de quatro reféns feitos em outubro de 2023 e reafirma o objetivo de destruir todos os túneis do Hamas em Gaza, com a intenção de desmilitarizar completamente a região. O Hamas, por sua vez, afirma que a destruição da infraestrutura de Gaza dificulta a localização dos corpos dos reféns, mas que localizou 24 corpos de um total de 28 e forneceu as coordenadas para a localização de outros em áreas sob controle israelense.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
