Em discurso durante a abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu uma ligação direta entre a fome e a guerra, afirmando que uma alimenta a outra. Para o presidente, essa “guerra” assume tanto a forma de conflitos armados quanto de políticas econômicas desequilibradas, como tarifas e subsídios.
Lula destacou que os conflitos armados, além de causarem sofrimento humano e destruição, desorganizam as cadeias de produção e distribuição de alimentos. Ele criticou ainda as barreiras protecionistas impostas por países ricos, que, segundo ele, prejudicam a produção agrícola nos países em desenvolvimento.
O presidente brasileiro lamentou que a fome se tornou um sintoma do abandono das regras e instituições multilaterais, citando a situação em Gaza e a paralisação da Organização Mundial do Comércio como exemplos. Ele argumentou que o acesso a alimentos ainda é usado como ferramenta de poder, e que a fome está intrinsecamente ligada às desigualdades entre ricos e pobres, homens e mulheres, e nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Lula apontou que o mundo produz alimentos suficientes para alimentar uma vez e meia a população global, mas, apesar disso, 673 milhões de pessoas ainda enfrentam insegurança alimentar. Ele celebrou o fato de o Brasil ter saído do Mapa da Fome da FAO e destacou a redução da insegurança alimentar grave no país, especialmente entre famílias com crianças menores de 5 anos.
O presidente expressou o orgulho do Brasil em fazer parte da história da FAO e reconheceu a importância do multilateralismo para combater a fome no mundo. Ele lembrou que, há dez anos, o mundo estava unido em torno da Agenda 2030, mas que, atualmente, tanto a capacidade de agir coletivamente quanto o otimismo foram abalados. Apesar dos desafios, Lula enfatizou que é preciso persistir no combate à fome, e que a FAO permanece indispensável enquanto esse problema persistir.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
