Benguela, Angola — A qualidade do sal em Benguela está sob ameaça devido à falta de um laboratório de controlo na província, segundo a Associação dos Produtores de Sal (APROSAL). A situação preocupa o setor e pode afetar a certificação e exportação do produto angolano.
Segundo a APROSAL, Benguela é responsável por cerca de 80% da produção nacional de sal, mas os produtores são obrigados a enviar amostras para laboratórios em outras províncias, como o de Santa Clara, no Cunene — um processo demorado e oneroso.
“A inexistência de um laboratório local dificulta a certificação e o controlo sanitário do sal produzido na província”, afirmou um representante da APROSAL, citado pelo jornal O País.
Riscos e denúncias no sector salineiro
O problema é agravado por práticas irregulares de produção. Em Junho de 2025, a APROSAL denunciou a utilização de lonas plásticas por alguns produtores na Baía Farta, o que pode comprometer a pureza e segurança do sal.
“A utilização de lonas plásticas no processo de evaporação é inadequada e pode contaminar o sal com partículas nocivas”, alertou a associação, em entrevista à RNA.
A denúncia levou o Governo a proibir oficialmente o uso de lonas plásticas na produção de sal, reconhecendo os riscos ambientais e sanitários associados. A decisão foi confirmada pelo Ministério da Indústria e Comércio e divulgada pelo jornal Expansão.
Falta de controlo e impacto económico
Apesar de existirem laboratórios regionais do Serviço Nacional de Controlo da Qualidade dos Alimentos (SNCQA) em algumas províncias, Benguela continua sem uma unidade plenamente operacional dedicada ao sector salineiro.
Essa lacuna técnica tem impacto direto na certificação e exportação do produto. Em Junho, mais de 100 mil toneladas de sal aguardavam certificação há mais de quatro meses, segundo dados da RNA.
Angola produz anualmente cerca de 250 mil toneladas de sal, com Benguela e Namibe como principais polos. O produto é essencial não apenas para consumo doméstico, mas também para a indústria e exportação. Contudo, a falta de infraestrutura de controlo ameaça comprometer o prestígio e a segurança do sal angolano.
Fonte: rna.ao
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