Um artigo publicado recentemente destaca que o Brasil obteve sucesso onde os Estados Unidos falharam, referindo-se à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado.
Escrito por Steven Levitsky, professor de Harvard e coautor do livro “Como as Democracias Morrem”, e pelo professor Filipe Campante, o artigo argumenta que a democracia brasileira serve de exemplo ao responsabilizar um ex-presidente por tentar anular uma eleição.
Os autores traçam um paralelo entre o julgamento de Bolsonaro e o caso de Donald Trump, que, após perder as eleições de 2020, não reconheceu o resultado e instigou seus apoiadores a invadirem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, numa tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden. O artigo ressalta que o Supremo Tribunal Federal brasileiro fez o que o Senado dos EUA e os tribunais federais não conseguiram: levar à justiça um ex-presidente que atacou a democracia.
Os especialistas lamentam a falta de punição a Trump pelas instituições dos EUA e enfatizam que, ao contrário dos Estados Unidos, as instituições brasileiras agiram com vigor e eficácia para responsabilizar um ex-presidente por tentar anular uma eleição. A eficácia das instituições brasileiras é apontada como o motivo pelo qual o país se tornou alvo do governo Trump, com tarifas contra o Brasil e sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.
Os autores alertam que as democracias não podem ser defendidas sozinhas e relembram os movimentos autoritários na Europa entre 1920 e 1930. Eles argumentam que a passividade diante de tais ameaças pode custar caro e que mesmo os freios constitucionais mais bem elaborados são inúteis se os líderes não os exercerem.
O artigo cita “inúmeras evidências” da Polícia Federal que indicam que Bolsonaro e aliados militares conspiraram para anular a eleição e impedir a posse de Lula. Após os eventos de 8 de janeiro de 2023, a Justiça brasileira agiu agressivamente para responsabilizá-lo e impedir seu retorno ao poder.
O texto também denuncia o “autoritarismo” do governo Trump, culpando as falhas institucionais do país. Alega que o governo tem instrumentalizado agências governamentais para punir críticos, ameaçar rivais e intimidar diversos setores, infringindo a lei e desafiando a Constituição.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
