A morte, aos 78 anos, da ativista Assata Shakur, ex-militante do movimento Panteras Negras, reacendeu o debate sobre racismo nos Estados Unidos. Shakur, cujo nome de batismo era Joanne Deborah Chesimard, faleceu em Havana, Cuba, onde vivia exilada há quatro décadas. A informação foi divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores de Cuba, que atribuiu a morte a problemas de saúde e idade avançada.
Condenada à prisão perpétua pelo homicídio de um policial em Nova Jersey, ocorrido em 1973, Shakur sempre alegou inocência e seus defensores afirmam que o julgamento foi motivado por perseguição política. Após fugir da prisão em 1979, ela viveu em esconderijos até se exilar em Cuba em 1984.
Sua história é marcada por controvérsia. Para muitos, Assata Shakur é um símbolo da luta antirracista. O Sindicato de Professores de Chicago, por exemplo, homenageou a ativista, descrevendo-a como uma “lutadora revolucionária” e “líder da liberdade”. No entanto, o FBI a considerava uma “terrorista” e a incluiu em sua lista de mais procurados, oferecendo uma recompensa de US$ 2 milhões por informações que levassem à sua captura.
A morte de Shakur reacendeu tensões políticas. O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, manifestou oposição a qualquer repatriação de seus restos mortais. Sua extradição foi uma exigência dos Estados Unidos nas negociações com Cuba.
A ativista, que também integrou o Exército da Libertação Negra, era madrinha do rapper Tupac Shakur. Uma de suas frases mais conhecidas é: “Ninguém na história jamais conquistou sua liberdade apelando para o senso moral de seus opressores.”
Seus defensores argumentam que Assata foi vítima de um sistema de justiça racista e de um programa de contra inteligência do FBI, que visava criminalizar e intimidar ativistas pelos direitos civis. O advogado Lennox S. Hinds, fundador da Conferência Nacional de Advogados Negros, afirma que campanhas da mídia a condenaram por crimes dos quais ela foi absolvida, até a condenação pelo homicídio.
A escritora Angela Davis ressalta que militantes negros eram considerados inimigos do Estado e Assata foi demonizada. A coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Cleusa Silva, que conheceu Assata, lamenta que ela seja vista como terrorista.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br