Moradores da Cidade de Gaza, já vivendo em meio a ruínas, receberam com pânico e confusão ordens de evacuação nesta terça-feira, após Israel anunciar um iminente ataque em grande escala contra o Hamas na região. Folhetos lançados por via aérea pelas forças israelenses intensificaram o clima de terror, ordenando que a população deixasse a área imediatamente.
A cidade, que antes abrigava um milhão de palestinos, tem sido alvo de ataques há semanas, com Israel alegando que a ofensiva visa os últimos redutos do grupo militante. O primeiro-ministro israelense declarou: “Aproveitem esta oportunidade e me ouçam com atenção: vocês foram avisados — saiam de lá!”.
Apesar das ordens, muitos moradores se mostram hesitantes, descrevendo a situação como desesperadora e sem um lugar seguro para fugir dos bombardeios e da crescente crise humanitária. Relatos indicam que alguns planejam seguir para o sul, enquanto outros afirmam que permanecerão em suas casas, apesar do perigo.
A preocupação é generalizada, especialmente em áreas como a de barracas que abriga pacientes com câncer deslocados. Um paciente relatou o sentimento de aprisionamento, afirmando que não há mais segurança nem no sul, nem no norte.
O deslocamento forçado evoca memórias da “Nakba” de 1948, um evento traumático na história palestina em que centenas de milhares de pessoas fugiram ou foram expulsas de suas casas durante a criação de Israel. Há um temor crescente de que o governo israelense busque repetir tal cenário.
Israel tem enfrentado acusações de genocídio durante a campanha de quase dois anos em Gaza, que resultou na morte de mais de 64.000 pessoas, segundo autoridades locais. O governo israelense nega as acusações, defendendo seu direito de autodefesa após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.200 pessoas e resultou na captura de 251 reféns.
Em meio ao caos, autoridades de saúde em Gaza anunciaram a evacuação dos principais hospitais da Cidade de Gaza, Al Shifa e Al Ahli, garantindo que os médicos não abandonarão os pacientes. Grande parte da população de Gaza já foi deslocada várias vezes, e o território enfrenta uma severa crise de fome.
Os militares israelenses orientam os moradores a se dirigirem para uma “zona humanitária” designada em Al-Mawasi, uma área superlotada na costa sul, onde milhares de palestinos já buscam refúgio em barracas. No entanto, relatos indicam que o sul também tem sido alvo de bombardeios.
Uma moradora, mãe de cinco filhos, descreveu a difícil escolha: “ficar e morrer em casa, na Cidade de Gaza, ou seguir as ordens de Israel e sair de Gaza e morrer no sul”.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
